Anjos, demônios, Messi e Neymar

Foto: AFP
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“Como era um esporte inventado pelos monges mediterrâneos, tinha conotações salvíficas: os anjos atacavam, os demônios defendiam. Era uma questão de morte e além-túmulo. A bola como alegoria do espírito que vai e vem entre o bem e o mal tentando entrar no céu; os mensageiros lucíferes fazendo de tudo para barrá-la…”

Não, não se trata de um texto sobre futebol, nossa receita diária aqui. É um excerto do livro Morte Súbita (Companhia das Letras), do mexicano Álvaro Enrigue, que faz um passeio pela história medieval a partir de um jogo de pela (o proto tênis) entre o poeta e clérigo espanhol Quevedo e o genial pintor milanês Caravaggio.

Mas, cabe aqui quando se trata de outra pelota, cuja origem está lá na tal pela, especialmente aquela tocada sem raquetes e pelos pés alados desses geniais jogadores do Barcelona que acabam de golear o escocês Celtic. Anjos adejantes que não se cansam de cumprir em campo os desejos dos céus – cristãos, judeus, islâmicos, pagãos ou simplesmente ateus: meter a bola nas redes, sempre, o tempo todo, sem parar.

Pergunto: pode haver algo mais celestial num campo de futebol do que aquela tabelinha entre Neymar e Messi, num dos tantos gols catalão? É a essência mais refinada do jogo da bola, brinquedo nos pés de meninos levados, ao mesmo tempo a combinação perturbadora da inocência mais pura com a mais safada malícia, meninos descobrindo e renovando o sentido da vida.

Basta dizer que Neymar e Messi, além de nos oferecerem um espetáculo delicioso de se ver, bateram cada um seu recorde nesta Liga dos Campeões.

Messi insere-se entre Di Stefano, Puskas e Cristiano Ronaldo como um dos raros a marcar três gols no mesmo jogo da Liga dos Campeões.

E, Neymar, passou a ser o único a marcar um gol e dar quatro assistências em igual condição.

Agradeço aos céus (e à terra) ter vivido o suficiente pra ver essas maravilhas: Di Stefano, Puskas, Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar.

E, cá entre nós, quero mais.

PS: Recebo com champagne no balde de gelo o desembarque aqui na minha caverna do Grão Ducado de Ibiíúna do Esporte Interativo nas asas da Sky: um show de transmissão da Liga dos Campeões nunca antes visto por aqui.

 

2 comentários

  1. futebol de hoje esta muito pobre mesmo, se deslumbram fácil com esses jogadores que não servem nem pra amarrar as chuteiras de um P ELE garrincha maradona Beckenbauer, cruiff Zidane romario e Ronaldo esses sim jogavam por seus clubes e muito mais por suas seleções, Puskas di Stefano messi crsitiano Ronaldo são craques sim, mas de clubes e estão abaixo dos citados no primeiro grupo

  2. Túnel do tempo: A noite que Zico calou o Monumental de Nunes.
    Um dos maiores jogos de futebol que assisti até hoje depois de Brasil 1 x 0 Inglaterra em 70 foi o jogo comemorativo da Copa de 78 na Argentina entre a a própria Argentina 1 x 2 resto do Mundo com um golaço de Maradona e o Show de Arthur Antunes Coimbra. Ficará para a história. Quem puder assistir não deixe de ver. Zico faz um gol, dá um chapéu em nada mais nada menos no capitão lendário Passarella e ainda dá de bandeja um gol para o lendário polonês Zigbniewski Boniek

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